domingo, 21 de abril de 2019

SOBRE O ATO DE CRIAR

SOBRE O ATO DE CRIAR

O ato de criar
me faz feliz.
Quem faz uma canção
sabe o que eu digo.

Amar provoca o mesmo efeito.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

O final, afinal







O FINAL, AFINAL!

Sê-de realizados,
cumpridos,
atendidos,
terminados,
esta é a ordem.
Mas,
se na bifurcação, escolheste o caminho
onde eu não mais estaria
e isso era inesperado,
fico tentado a pensar
que tudo restou consumado.

Contar-me a verdade
quanto te custaria?
Tu,
cristão,
que me dizias ter compreendido
a máxima messiânica
da verdade como libertação,
por que te escravizaste na mentira?
Se não havia compromisso,
se tudo o que havia
era a vontade de estar junto,
de pensar o mundo,
e de compartilhar o pensado?

Será que tens noção
do quanto se evitaria
se me tivesses revelado
que a tua busca havia terminado
e que, finalmente,
te prostrara a paixão?

Tudo consumado:
meu desapontamento
e a dor
se dissiparão também
um dia.

Que bom que se festeja,
do Senhor,
a ressurreição, a ascensão:
essa alegria!

Se fosse o tempo do Natal
ou o da crucificação
seria bem pior.

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(abril/2018) - VL

sábado, 15 de julho de 2017

A tristeza é deste mundo

A TRISTEZA É DESTE MUNDO

O telefonema de Olga Savary salvou-me do naufrágio
Falou-me do hai-cai que fez de mim no palco
E me autoestimei de novo.

Pode ter sido por algum tempo
porque a tristeza é deste mundo
mas não envelhece nem morre

e se a lágrima não escorre
apesar de eu estar bem no fundo
quem sabe foi coisa de Deus?!
(V.L.)


Poema do hotel e da pizzaria

07.05.2017
POEMA DO HOTEL E DA PIZZARIA

Esta manhã está impregnada da noite de ontem
e tudo o que acontece agora está permeado
da música de tuas mãos cortando a pizza,
da mulher que pedia algum dinheiro
que lhe ajudasse a comprar
um prato de comida
e da lâmpada do poste, escurecida.

Era noite e os pássaros cochilavam em seu esconderijo
mas, no silêncio deles,
a nossa melodia.

Enquanto esquadrinho o quarto a ver se não esqueci de nada
o coração insiste na pizzaria.
Sim, estou no hotel,
o ontem respirando o agora dessas vozes
que não sei se vêm da noite ou
do corredor.
Sei que se mesclam ao som das portas
e ao som das malas de rodinhas
que saem do elevador.

O que eu sei?
Que tudo grita a tua presença!
(V.L.)

O fantasma do atraso

O FANTASMA DO ATRASO

No amor a gente vai bordando a pessoa
no tecido da nossa vida
e somos bordados
no tecido da vida dela.
Dois panos dispares
que têm em comum um bordado
ambos delicadamente guardados
na mesma gaveta.

Há que acompanhar o andamento das bordaduras
de forma que o fantasma do atraso não nos surpreenda
É preciso que andem em simetria:
duas solidões com um objetivo comum
e sempre um novo ponto a cada dia
ad æternum.
(V.L.)

A chegada do inverno

A CHEGADA DO INVERNO
(21.06.2017)

Ainda espero.
Não sei por que,
mas ainda espero.

A flor abriu
a chuva caiu
ninguém parou o vento
e a lembrança de mim
deixou teu pensamento

Mas em meu delírio
e só no meu delírio
ainda te espero.
(V.L.)




Das chuvas de inverno

Das Chuvas de Inverno

(Final de junho/2017)

Porque não havia tantas nuvens
ou outro indício de tempestade
ninguém pensou que a cidade
se alagaria de jeito.

A chuva que apareceu miúda
ganhou um corpo insuspeito
tornou-se densa, bojuda,
transbordou-se no estreito.

Queria uma surpresa dessas
na minha vida.
Oculta atrás da cortina
uma cena não presumida:
tu de inesperado
eu de alegria infinita.

(V.L.)